No artigo de hoje, compartilho com vocês uma questão um tanto comum a consultores. O que eu devo fazer quando o problema de uma empresa é, justamente, o queridinho do chefe?
Aqui está um ponto muito interessante porque, por vezes, o gargalo de uma empresa está concentrado em uma pessoa. Para complicar um pouco mais a situação, esse profissional pode ser o queridinho, ou a queridinha, do chefe. Estamos diante de algo bastante delicado porque, geralmente, a corda arrebenta no lado mais fraco. Nesse caso, o lado mais fraco é você, consultor.
Se esse problema acontecer e, na pior das hipóteses, houver o risco de prejudicar o seu contrato, a sua consultoria, é importante que você siga sendo profissional e não fuja da questão.
O desempenho do papel de um bom consultor deve ser embasado pela certeza de que um trabalho correto está sendo executado. A ética sempre precisa falar mais alto do que o medo de perder o cliente.
Além disso, a frieza, a capacidade de se afastar do problema, de olhar para ele totalmente de fora, é primordial. Evite se envolver na situação. Mas, se de fato, a sua suspeita de que o gargalo está em uma determinada pessoa, você precisará de sangue frio, calma e tranquilidade.
Sei que a tendência é que você, por receio de encarar a questão, comece a se questionar se realmente fez o diagnóstico correto da situação. Mesmo com um bom embasamento, há uma grande chance de a corda arrebentar no lado mais frágil. Esteja preparado para essa possibilidade, mas, ainda que diante dela, não desista da sua atuação correta enquanto consultor.
Contudo, para evitar que você seja a corda mais fraca, a minha dica é: respalde-se com bons argumentos, bons exemplos e uma boa leitura do cenário. Além disso, esteja disponível para ouvir.
Ouça tanto outros profissionais da empresa, quanto outros stakeholders. Anote tudo o que puder e que for relevante, faça registros. Por mais que seja muito demandante, faz parte do seu trabalho.
Uma vez que esteja bem claro que o gargalo é a pessoa X, e que essa pessoa X é a queridinha ou o queridinho do chefe, tente observar se existe algo que você possa fazer para minimizar o problema.
Nesse caso vale uma boa conversa diretamente com a fonte. O objetivo é desfazer o nó e, consequentemente, fazer com que as coisas melhorem sem a necessidade de levar o imbróglio para níveis mais elevados dentro da empresa.
Por outro lado, se essa primeira hipótese não funcionar, aí sim temos que fazer o nosso papel de consultor e levar a questão a quem de fato interessa. Aqui é extremamente importante não “culpar” quem quer que seja, mas sim a maneira como aquele profissional conduz determinada situação, a forma da gestão dele etc. Há uma diferença grande. Foque nos problemas das tarefas, não da personalidade da pessoa (ou esforce-se ao máximo para harmonizar bem esses dois pontos).
Outra dica é, se possível, levar a questão aos superiores quando se está próximo do fim do contrato, pois garante, ainda, uma reflexão final junto ao cliente. Mais uma vez, tudo com muito tato e sensibilidade. Se coloque no lugar do outro, entenda a complexidade do caso.
Por fim, encontre o momento certo para essa conversa. Eu sei que não é algo fácil de se fazer, mas ele virá. Ou a hora correta chegará em meio a um balanço positivo ou junto com uma onda de pontos negativos. Fica ao seu critério.
Agora, o mais importante é: nunca chegue com um problema sem apresentar uma solução. Reflita sobre potenciais recomendações para que seu cliente perceba não apenas o desafio, mas saiba como contorná-lo.
Gostou das dicas? Espero que este conteúdo te ajude a compreender a delicadeza de certas questões mas que, de alguma maneira, precisam ser resolvidas. Tenho certeza que, aplicando minhas dicas, você se sentirá mais seguro para iniciar seus trabalhos. Recomendo que estude mais sobre o PEMD com diversos artigos e vídeos que já publiquei.
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