Um dos problemas mais comum na prestação de serviços é não entender as expectativas do cliente.
Em Marketing de Serviços, esse problema é conhecido há algumas décadas e é chamado de Gap do Cliente (ou Lacuna do Cliente) e faz parte de um modelo proposto em 1985 por um pessoal que um professor meu chamava de “Trio Parada Dura” – Parasuraman, Zeithaml e Berry.
A ideia desse modelo é identificar cinco erros comuns na prestação de serviços (mais recentemente, um pesquisador propôs outros dois gaps/problemas comuns, chegando a sete gaps).
Estes problemas afetam a qualidade percebida do serviço e você não precisa ficar reinventando roda nenhuma, nem entender o modelo todo, basta saber que o principal problema em serviços é achar que entendeu o que o cliente quer, enquanto, na verdade, ele quer outra coisa (essa diferença é o que chamamos de Gap do Cliente).
É muito comum, principalmente pra quem trabalha em consultoria, agência ou mesmo presta serviço pra clientes internos, receber briefings como esse da imagem acima. O cliente enche a boca para dizer que quer um site moderno, clean, dinâmico, jovem, com uma pegada interativa…
Aí, você volta para o escritório (sem ter entendido cazzo nenhum!) e vai tentar passar o job pra frente. Naturalmente, seu designer, arquiteto, programador, conteudista, o que for, não vai ajudar muito a decifrar o que é um site “inovador e alegre” e o trabalho vai, sem dúvida alguma, sair sem pé nem cabeça.
Bem, talvez ajude saber o seguinte: isso é culpa sua!
É papel do profissional de serviços educar o cliente. Uma das tarefas dentro deste papel de educador é ajudá-lo a passar melhor as informações sobre como, por exemplo, ele quer um blog ou um email marketing.
O cliente não tem a menor obrigação de entender do que você entende. É normal ele descrever suas necessidades dessa maneira (site clean e com tom simpático etc…) e é você quem deve insistentemente investigar o que diabos ele quer dizer com aquilo.
Recentemente participei de um briefing em que a necessidade passada pelo cliente era exatamente assim (não estou exagerando!): “Meu site tem que ser diferente, fora da caixa! Quero uma coisa inovadora, que transmita poder!”.
Pois bem, imagina se eu chegasse na agência e passasse para o meu Gerente de Projeto essa diretriz. Pior, o que seria dos profissionais envolvidos em conceber esse trabalho? Será que o arquiteto de informação conseguiria fazer algo a partir daí? Será que daria pro designer seguir com essas diretrizes?
Você deve se preocupar em fazer perguntas pro cliente para te ajudar a compreender o que está na cabeça dele.
Por exemplo:
- O que significa “inovador, dinâmico etc” pra você?
- Existe algum site que seja parecido com o que você quer?
- Como você acha que o seu cliente usaria o site?
- Qual é a primeira coisa que o seu cliente gostaria de ver quando entrasse no site?
Utilize quanto tempo for necessário nessa troca, até que você esteja seguro de que sabe exatamente o que ele quer.
Lembre-se sempre: o principal problema (e o primeiro a aparecer) é essa diferença entre o que o cliente espera e o que você acha que ele quer.
Adoro seus textos para mim que estou cursando a faculdade é uma ótima leitura de conhecimento.Sugiro que escreva porque é tão difícil arranjar estágio no Brasil ou o que as empresas sérias esperam de um estagiário.Abraços!
Oi Karille, tudo bem?
Vou pensar nesse tema sim (estagio na area de comunicacao e marketing na internet).
Obrigado pela dica!
bjs
@ninocarvalho